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Fotografia: Itaciara Poli |
Há momentos em que certo silêncio parece usurpar toda a decência e firmeza do juízo mais convicto. Como se dentre tantos ruídos imprecisos, a candura de um espaço em branco viesse para ressoar idéias clandestinas e arriscadas.
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Pensamentos fugidios tentam evitar essa reticência incômoda, quase audível, repleta de ecos do que ainda pode ser dito, mas ela se instala como uma pausa sintomática, um presságio.
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Mais que uma interrupção trivial que corta a palavra ao meu eu surdo, esse silêncio pode traduzir a hesitação da esperança ou simplesmente reforçar o sentido da entrega.
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Por isso tenho razões para acreditar que é no desvario arrogante de dizer menos, de ser às vezes escasso, de reforçar a ressonância do silêncio e de evitar o desperdício, que o discurso sublinha-se de verdade.