The fish and I

Em apenas seis minutos o tocante curta-metragem produzido e protagonizado pelo iraniano Babak Abibifar, nos presenteia com uma delicada e intensa história de amizade entre um homem cego e seu peixe-dourado.

Simples, mas repleto de detalhes, o curta envolve o expectador nas minúcias da rotina matutina do protagonista e desencadeia sensações de angústia, desespero e finalmente ternura.

A estrutura da película, ao nos tornar testemunhas do momento em que o peixe-dourado está prestes a morrer, nos remete de imediato a sensações que duram pouco mais que um instante, mas que se entrelaçam num frenético fluxo de consciência: quanto vale a vida de um outro ser vivo que não seja um ser humano? O quanto estamos dispostos a mudar a nossa vida para salvar uma outra que, ao menos segundo a convicção da maioria, goza de um estatuto moral inferior? E quanto ao temor abrangente da solidão? E quanto ao privilégio de uma verdadeira amizade?

Cada indivíduo, mesmo sem saber ou querer, participa do processo dinâmico da vida e é, portanto, através de suas escolhas, das miúdas coisas que movem a engrenagem do cotidiano, que se torna responsável por grande parte do que é.

Muitas vezes, porém, preferimos desviar e fechar os olhos, com o temor de, se procurarmos demais, eventualmente descobrir mais do que possamos suportar.