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Fotografia: Itaciara Poli |
A atroz matança ocorrida na Noruega há dois dias desponta como mais uma tragédia que evidencia o “potencial evolutivo” da espécie humana.
De alguma forma, nesse lamentável processo gradual, vê-se o homem avançar para níveis mais complexos, mas não menos brutais. Mesmo repleto de cicatrizes e debilitado por tantas catástrofes, coxeia em passos destrutivos, dilacerando a lógica, contradizendo a razão.
Uma verdade banal? Pode ser…
Mas o fato é que estamos desorientados diante de acontecimentos tão dispersos e confusos.
À beira do colapso, nos deslocamos indolentes nessa existência manca quando nos apegamos somente aos efeitos e imaginamos controlar suas causas.
Sempre adormecidos numa superficialidade concentrada, nem pensamos em refletir sobre realidades tão remotas. O que por outras palavras significa que fugimos de algumas verdades, cultuando a inocência e esboçando ignorância, simplesmente por não sabermos o que fazer com elas.
É nessas horas que me sinto numa emboscada e me vejo forçada a concordar com a ira visionária do antropólogo Lévi-Strauss e sua teoria para explicar nosso futuro como espécie: a pura dissipação pela maldade.
Será que merecemos tão irônico castigo?