Bebendo da fonte…literalmente!

Ilustração: Martín Favelis

O caso do livro Axolotle atropelado, escrito pela jovem alemã Helene Hegemann trouxe novamente à tona a discussão acerca do plágio e vem irritando literatos de toda Europa.

Tudo porque recentemente foi constatado que o livro de Helene contém diversas passagens de outras obras e que grande parte dos trechos copiados foi reproduzida de forma literal ou quase.

A autora bem que relutou, mas ao final praticamente admitiu o plágio e ainda afirmou que o processo de copiar, colar e montar deveria ser apreciado como arte. Disse ainda que seu trabalho simplesmente reflete as  possibilidades da intertextualidade e atestou que “não existe originalidade, apenas autenticidade”.

Polêmica!

Mais comum do que imaginamos, o estratagema do plágio, que para uns não passa de ferramenta artística, tornou-se uma espécie de praxe, um atalho para originalidades e criatividades escassas capaz de comprometer a propriedade literária.

O problema maior é que a descarada simulação intelectual provoca confusas opiniões sobre o assunto, já que muitas vezes a fraude da cópia é confundida com o pragmatismo da intertextualidade – importante recurso do mundo artístico em geral.

Na literatura, por exemplo, a intertextualidade deve ser vista como um instrumento criativo válido que, em maior ou menor grau, utiliza-se de uma multiplicidade de textos já escritos para a elaboração de um novo texto, algo que incorpore avanço de novos significados, o que não ocorre nas reproduções fraudulentas.

Por fim, se aceitarmos que na cópia o esforço criativo não existe, é plausível considerar o plágio como pura alienação da qualidade artística.