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Fotografia: Itaciara Poli |
Talvez porque determinada escolha seja, rigorosamente, uma renúncia a todas as outras escolhas, já faz algum tempo que me atrapalho com minhas metades. Como qualquer pessoa, convivo com um enredo de antíteses fantásticas à procura de um equilíbrio ideal, mas pouco provável. Imagino que com minhas escolhas poderei alcançar um meio-termo positivo capaz de driblar os disparates de uma realidade essencialmente contraditória. Como se as simetrias de meu sistema nervoso (as duas metades do meu cérebro) estivessem num constante debate para distinguir o certo do errado, o seguro do arriscado, o bom senso do ridículo. Às vezes sigo os indícios da intuição, mas sempre devo optar quando não é possível omitir. Negação e afirmação: o simplesmente “sim ou “não” que muda tudo. É que metade quer agradar, cumprir seus papéis e deveres… Desperdício? A outra metade pensa somente em escapar do caos requintado e mergulhar de cabeça. Precipício! Uma metade se reinventa todos os dias, nuamente. A outra prefere ficar como está: vulgarmente. Não sei, não tenho certeza. Já faz algum tempo que me atrapalho com minhas metades.