Faz de conta

Ilustração: Vladimir Kush

Todos os dias
viajo para longe do mundo que me oferecem.
Mais adiante dos prazeres
onde todos se recolhem,
visito dimensões de fascínio e artifício
e deixo-me enfeitiçar. 

Inocente do perigo,
faço de conta
que posso nascer de novo,
brotar da alma
e colher os frutos caídos.
No mundo que não é meu
arranco palavras
que são raízes dos meus caprichos…
Ah, deixa-me ficar
só mais um pouco
neste mundo vaidoso
dentro do qual eu verso.