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Fotografia: Allan Teger |
Como já dizia Schopenhauer, “o que torna infeliz a primeira metade da vida, que apresenta tantas vantagens em relação à segunda, é a busca da felicidade…”
A inversão sugerida há quase dois séculos pelo brilhante filósofo alemão, embora um pouco pessimista, ilustra perfeitamente uma das maiores ciladas da sociedade moderna, na qual a procura assídua e desmesurada pela satisfação distorce o verdadeiro juízo da felicidade.
Hoje os princípios do prazer não mais se acomodam aos singelos padrões de outrora e por isso muitas pessoas vivem numa embriaguez melancólica, constantemente carentes de algo inatingível.
Poderosa e ubíqua, a bolha do bem-estar é, antes de tudo, uma tentativa de preencher o vazio que se cria logo depois do paraíso dos primeiros anos, quando o sentir-se feliz é bem mais simples. Depois, não! Depois a felicidade transforma-se numa obrigação que não admite delongas.
De forma muito comovente tudo sugere que devemos gozar a todo instante, ejaculando sorrisos, sucessos e posses. O contentamento deve ser instantâneo e ininterrupto.
Não há dúvidas de que vivemos numa realidade irracional onde privações banais transformam-se imediatamente em necessidades urgentes e essenciais.
Quais são as suas?