É pura imitação


Se de um lado as teorias psicanalíticas não têm a capacidade de serem estabelecidas de maneira irrefutável, a neurociência procura, através de importantes estudos, provar o quanto somos condicionados pela imitação.

Segundo o pesquisador italiano Giacomo Rizzolatti, descobridor dos chamados neurônios-espelho, somos todos capazes de “captar a mente dos outros não por meio do raciocínio conceitual, mas pela simulação direta, sentindo e não pensando”. Para o cientista, tais neurônios seriam ativados em reposta ao que vemos e sentimos.

Quem nunca notou a rede que se cria quando, num grupo de pessoas, uma delas boceja? Segue-se invariavelmente uma seqüência de bocejos, um agir quase inconsciente que se manifesta sobre os demais integrantes do grupo.

O perturbador é que para a ciência o “contágio” vai muito além de um inofensivo abrir de boca, pois ao considerar que a tessitura refinada de nossas relações sociais se dá por meio de um processo de imitação e observação, a descoberta assume nuances mais complexas.

A idéia que temos de nós mesmos, de nossa personalidade e aptidões seria constantemente moldada por células altamente perspicazes e flexíveis, no sentido de assimilar não somente uma ação, mas também uma intenção, uma emoção ou o significado social de um comportamento.

Seria curioso, então, refletir sobre a qualidade da influência que é gerada através de nossas ações cotidianas. Se tudo não passa de imitação, pensar no que se transmite às crianças pode causar um grande susto. Como serão os neurônios do futuro?

De qualquer forma, a certeza que emerge dos conhecimentos da neurociência básica é de que estaríamos todos conectados uns aos outros, mas não pelo facebook ou qualquer outra rede social, e sim por milhares e milhares de células que formatam e reproduzem nosso modo de ser.