Que parvos que somos

Depois de alguns dias em Portugal passei a assimilar o fervilhar de um movimento inerentemente polêmico, intrigante e especialmente ágil em ressuscitar esperanças e dissipar frustrações.

Fotografia de Itaciara Poli

Uma canção, um bate-papo à mesa de um café de Lisboa e, logo em seguida, a ideia de um protesto. Algo despretensiosamente organizado através da rede social Facebook que hasteou a bandeira da precariedade laboral do país.

Fotografia de Itaciara Poli
A reflexão do tema transcende os diferentes níveis de envolvimento de uma juventude impaciente, imolada pelas conveniências sociais e que agora encontra-se submersa nas mazelas da desocupação, uma vez que PhDs e MBAs não são mais suficientes para evitar que o desemprego também bata à porta dos instruídos, dos doutores, dos técnicos, dos especialistas.

Fotografia de Itaciara Poli
Denominada “à rasca”, a geração de jovens agitadores de sentimentos[1], mal remunerados ou sem remuneração nenhuma, mobilizou-se no sentido de por em prática a famigerada democracia participativa num processo de debate, crítica e contestação. Um fenômeno bastante trivial, mas que não deixa de ser relevante e permeável a diferentes sensibilidades e opiniões, principalmente por sua prodigalidade política e econômica.

Fotografia de Itaciara Poli
Durante a tarde de ontem a atmosfera que pairava nas ruas do Porto era de uma insurreição pacata, um tanto carente de convicção, mas insistente em reivindicar seus direitos civis.


[1] Fernando Pessoa, in ‘Notas Autobiográficas e de Autognose’