As águas de março se foram e com elas seus nomes, nas correntezas do inevitável… Pois é! Este mês foi o fim do caminho para três grandes artistas que admiro muito.
É incrível como em alguns momentos torna-se evidente o mundo que se desfaz aos poucos à nossa volta, deixando-nos, como costuma dizer António Pina[1], “do lado de cá de qualquer coisa”, perigosamente desamparados num abrigo aberto pela ausência.
Claro que enquanto a perda é distante e não nos diz respeito intimamente, a dor é leve e, por ser alheia, esvai-se em breve, nas recordações cada vez mais remotas…
Mesmo assim, é inegável que se cria um hiato desconcertante, talvez imperfeito, quando a metáfora inevitável da morte se apodera ilicitamente do mundo com o qual estávamos habituados, levando consigo a desproporção do fim.